quinta-feira, 7 de julho de 2011

Protesto contra o Silêncio

   
O tom dos pensamentos 
É o dialogo passageiro,
Entre os corações em silêncio.
A eloqüência dos olhos que dizem mil palavras, 
Na velocidade de um segundo.
Em tudo aquilo que resistimos falar,
Esta escrito em cada ação de nossas mãos ansiosas em movimento.
No concreto formado sobre o músculo resistente,
Insistente reforma na organização dos elementos.
Composição humana de cores naturais.
De seres humanos decifrando atitudes animais,
Das coincidências insistentes de tempos iguais...


Sem conflito esqueço os versos
Deixo viver o fluido da existência
Sem resistir ao que insiste a consciência em imaginar
O que leva a todos falar quando a resposta 
Sem ser dita permanece escrita na sensibilidade do olhar.

Uma das Minhas Esperanças.

Te vejo por toda parte
Para onde foge minha visão 
Te vejo esperar
Você permanece sempre entre as visões escuras da noite
Ainda que nem sempre esteja lá
Espero-te em cada esquina
De todos os cantos te vejo passar
Todas as formas me lembram seu corpo
Na alucinação ansiosa encontro em cada detalhe parte do sonhar eterno
Um instante a mais aguardo e ainda assim nem passa por mim
O coração acelera
Os olhos iludidos por reflexos inferiores 
Se agitam e ficam sem esperança
Quando próximo da distancia exata
Desaparece a forma 


E sei que não fugiu
Lembro das pistas deixadas
Das coisas largadas entre os sinais do seu jeito


Para onde eu olhar irei te ver
Não se esquece a intensidade,a vontade do que se planeja viver
Ainda desejo tanto
E resisto fugir de seus encantos...


Esse tédio que me penetra
Devora a segurança da certeza
Engole meus dedos nas letras rabiscadas pela parede
Me faz esquecer das verdades
Engana meus pés para caminhar entre trilhas do escuro presente
Sempre tão só...
Ainda que sempre viva entre todos
Sempre sem ninguém...
Na busca das coisas que me fizeram esquecer


Sempre aprendo com meus delírios 
Mas as vezes acredito que eles planejam assassinar minha lucidez
Eles fogem de meus olhos sem brilho
Acredito que tenham medo do universo que criei para mim


E meus anjos são sempre calados
Eles vivem isolados em minha terra interior
Os prendi nos galhos das arvores de outono
Que consagram meu templo de dores e rancor
Carrego o peso de ser assim
Parte desse céu que outros desenharam entre flores
Sem viver exatamente nesse ritmo de estação
Daquilo que em constante movimento sempre passa
E jamais permanece sempre belo no instante divino.
 vem me dar seu colo,me acolher em seu olhar que pede socorro,que me diz baixinho com aquele brilho curioso querer me ver abrigado em suas mãos...vem aquecer meu tédio,me envenenar com esse remédio que disfarça minha pressão irregular,desse coração singular sem medidas certas para o amor.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Invertido na minha Cama.

Não me fale de amor
Quero o silencio das flores a me perfumar
Ser minha cor preferida nesse labirinto de gostos
Ser oposto dessa dor que cativa.

Não me ame por favor
Lhe farei gemer pela dor dos espinhos em minha fala
Pelo falo primitivo que fere sua alma
Entrarei contagioso e mortal em seu destino

Tens coragem em assistir meus crimes?
Fica embriagada de planos de me converter
Fazer desse meu atalho para o louvor do prazer
Ópio e lucidez na sua vertigem.

Me deixe no escuro
Nesse mundo puro das criações platônicas
Do incesto com minha fêmea atônita de pudores
Dos rumores que ficam na trilha do destino.

Ensina-me o versos românticos
Da semântica desenhada com letras finas
Curvas e inclinação para verbos inquietos
Finalmente compostos por orações intransitivas.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Exausto pela Cidade.

Respiro poeira
Restos soltos de meu passado
Pintando de cinza meu mundo novo
Marcando o esquecimento
Lembranças caoticas dessa metropole
De um céu palido
Que se asfixia com um brilho nublado
Vapor das nuvens escuras de carvão
Parado em meu limite
Ja não percebo as paredes
Os cantos que definem meu espaço sobrevivente
Questiono essa paz
Silêncio monótono que creio ser estéril

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Cretino

Não sei mentir,
Mas aprendi bem dissimular.
Lento como um “recém-cegado”
Ia tateando palavras fictícias para lhe agradar.


Curtia sua inocência
Numa digna ousadia calculada.
Refino sua essência infantil 
Num faz-de-conta que sois minha amada.

Crendo satisfazer-me pelo prazer desprendido,
No colchão,as coxas tremiam por gritos agoniados.
Experimentava destemida,remoto prazer sem sentido,
Dava o cumulo daquilo que não havia guardado.

Se houve paixão em minha vida antes de existi-La?
A voz constrangida questionava com coração sufocado.   
-Você me ama? 
-Te consumo sem medidas,mas no dia seguinte jamais espere um recado.

Enfrentar o Escuro.

 Delinquente...
 Ausente da minha razão,
 Caminho sob gotas escorrendo
 Saltam como suicidas do coração.

 Correndo pela face,
 Esses traços seguem distantes,
 E se perdem bem perto de cada ilusão.

 Ja sem perceber,
 Eu vivo cativo,
 Evito pensar no excesso,
 Sinto o progresso da minha ausência,
 Longe do reflexo,que desaparece no espaço.

 E quando fiz de conta esquecer
 Tudo o que fiz foi conservar no medo
 Os ferros letais,os gritos imorais,as lâminas fatais.

 Matei minha culpa,
 Assassinei os versos confusos,
 Despertei meu espirito primitivo,
 Resolvi ao modo alegórico dos românticos.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Madrid

Lhe pediria os documentos se não me fosse pertinente ver aquela criança se passando por mulher.Estampado nos extremos da face,marcas saturadas de rosa opaco,as pálpebras borradas de azul e dourado denunciava sua falta de pratica,mas mostrava criativo empenho em cultivar uma personalidade,sua maquiagem dava uma noção de cortesã recém aceita ao labor do oficio.


Entrou no ateliê pacifica e muda,demonstrava ter costume ao freqüentar tais espaços,sem ao menos nunca ter conhecido as estações onde transmuto os cogitares,triunfante,creio eu,em não demonstrar medo nem ansiedade nenhuma,cruzou o piso descalça,deixando aos pés do cavalete suas sandálias empoeiradas


Movia-se num vestido curto onde se exibia as covinhas da nádega exposta,um tecido acetinado envolvia sua derme macia,transpirava um cheiro de suor feminino,tão perfumado,harmônico,vivíamos uma semana onde o vapor flutuava pelas vias estreitas,as janelas vulneráveis não eram capazes de alterar em nada a temperatura,quando muito eram lentes para movimentar as claras influencias do dia.


Os botões da roupa serviam de eixo simétrico,criando um equilíbrio sobre ela.Quase nenhuma forma era suficientemente objetiva naquilo que sua postura interpretava,me transmitia impressão dela ser revestida de cobre,pela refinada essência que sua pele destacava,seus olhares como um abismo sensual,negro com rara aparência de turmalina,traços rústicos velava seus olhos,sobrancelhas largas e escuras seguindo a curvatura da face,se favorecia da luz refletida pelo espelho,seus cachos formados na ponta das ondas de cor de sépia,alem dos fios desalinhados caindo sobre seu rosto quando sorria impaciente.


Os metais lhe pesavam como enfeites excedendo o necessário,era um espetáculo ficar sentado vendo seu empenho em parecer natural,descosturar as emoções das tramas de pensamentos cadentes,conclui ser um crime assaltar aquela criança,roubar sua imagem para servir de fuga cotidiana para algum burguês afeminado.


Enquanto lia seus movimentos ela permanecia fechada em suas concepções,acredito que via em mim um monstro,excluído do senso comum,um marginal envelhecido que se usa dos quadros para ter meninotas desfilando nuas pela casa,era um desconhecido perante quem ela revelaria suas intimas posses...voltei a me questionar,quantos anos ela teria?


Quando muito,uns dezesseis ou dezessete anos,qualquer uma dessas cabrochas são frágeis enfeites de parede nos meus retratos,figuras que sustentam minhas necessidades primarias,necessidades literais demais para me manchar com suas menarcas.


Todas tinham seus motivos para pousar...filhos,família,contas...um fator comum a tudo é o dinheiro.


Poder ficar ali imóvel,estática,ainda nesse tédio penitente arrecadar uma prenda,mas arte não se faz com imagens sem espírito,sem personalidade,idéias que não podem passar despercebidas.


Notei que seus olhos curiosos visualizavam tudo ao seu redor como tentando descobrir em que prato seria servida,inebriada pelos odores das tintas,dos solventes e secantes,mesmo o ar marcado pela fumaça do meu cigarro cortava entre um trago e outro aspectos exatos daqueles aromas.


Suportou num olhar turvo aquela aguá destilada,engolia mantendo vivo meu interesse em sua atuação,rubra ao paladar forte do destilado germânico, umideceu apenas a boca,num gole tímido os passos lentos iam morrendo,assassinei sua sóbria natureza infantil. 
 No segundo gole de vodka,já planava pelo espaço com lábios vertidos em rosa mais pálido,enfim...estava pronta para a peça.

domingo, 26 de junho de 2011

Uma Porta Trancada

  Será que ela vai demorar muito?


  Sinto vontade de gritar tudo em poucas palavras;antes dizer tudo assim...sem parecer fácil,mas também sem perder tempo com rodeios.


  Agora não havia mais nada,modelava palavras coloridas com meu sorriso mais delirante,explicaria tudo desviando minha atenção do fato que teatro e ficção sempre fica coberto com um manto de faz-de-conta,sem remetente nem vestígios eu não espero que ela me ame mais por isso,nesse pedacinho de natureza humana que me sobra,construo uma certeza -não existem mentiras nos olhos de quem nos deseja de verdade-ela sabe disso!
  Ela espera que no mínimo eu saiba dividir nossa vida em detalhes prazerosos de serem relembrados.


  Misturei um pouco de prosa nisso,será seco demais não querer fingir um orgasmo ao abrir a boca?
  Ela era a ultima coisa...coisa?Já a trato sem nome ou caráter...passou a ser simplesmente mais uma coisa no meu retrato de cabeceira.Tínhamos o habito de inventar paixões platônicas por nossos brinquedos. 


Entrava aos poucos quando já era tarde da noite,ela sabia que meu sono era leve,mas ainda assim tinha coragem de insistir,sua prova de amor com aquela dose de desafio que ela adorava encontrar em tudo,entrar calada querendo não me despertar.Me despertou para tantas coisas...a ultima que deveria se sentir culpada era por me acordar a noite.


Parece que ouvi passos lá fora,tentava caminhar sussurrando;a ansiedade provoca todo tipo de ruído e nosso coração tira o volume das coisas reais e tudo fica colorido de ilusões;na verdade...ainda não existe nada,melhor ir me deitar,quando estou na cama essa angustia sufoca tanto que sou capaz de crer que o tempo parou e resiste em me torturar,com essa vontade de encontrar o certo ou o errado escrito matematicamente nas linhas paralelas do meu juizo,amanhã...o melhor é que amanhã eu diga isso a ela.


A cama esta fria,os lençois tocam minha pele e eu lhes peço conforto,peço silencio,mas aquele perfume de tecido lavado me faz pensar em tantas coisas...me distrai bastante,então sinto minhas mãos mornas correrem por meu corpo,minha mão entra de cúmplice com a imaginação para mudar meu foco de lugar,tento reconhecer meu cabelo,encontrar novas coisas nos meus cantos e dobras,aos poucos vou mergulhando naquelas luzinhas que ficam passando la fora,parece que o tempo esta claro,nem saberia dizer quando o dia começa de verdade,quando amanhece...


  Novamente ouço aqueles passos,mas eles acontecem dentro de mim,eles caminham tortos por minhas coxas, meus dedos caindo em meus labios e vejo aquela aliança que manteve ela aqui junto de mim enquanto eu estava me preocupando com o horário,no meu jeito de levar essa relação por esse tempo todo.


  Meu suspiro ergue meu joelho para o lado,vou me deitar de costas para a porta...não quero imaginar como seria tentar acordar com o susto de vê-La entrar.nesse impulso de dizer coisas que na verdade seriam melhor...calar?fingir que não aconteceu vai ser pior.


 Preciso relaxar,já esta doendo de verdade isso  dentro de mim,eu permiti acontecer,cheguei até aqui,implorei para ser verdade,ser sincero o que sentia;não significa que não foi de verdade,apenas surgiu na mesma onda engolida  pelo oceano.Água,eu levanto meio que escorrendo pelos cantos,vou tentar mergulhar numa chuva morna,naquele lugar que amei em tantos sentidos,posições,em tantas ocasiões temperadas de pecado e insinuação.


 Tirar a roupa ganhou um sentido teatral,fazer assim por necessidade não tem sabor,isso me decepciona por poder esperar mais um pouco por aquelas mãos que me conheciam,aqueles braços do elemento “erótico”,sempre me chamava de anjo,dizia que minhas asas estavam escondidas nos cachos pintados,ela nunca teve medo de esfregar minhas costas,costurava suas unhas com sabão e língua em mim,enquanto tentava arrancar aquela pureza implícita nos nossos lábios.

O espelho do armário estava embaraçado,mas eu vi seu vulto passar sem prestar atenção em nada;se estivesse morta no banheiro,ali permaneceria,pois não recebi aquele boa noite medido em notas cintilantes.


 Estávamos somadas no espelho,mais um pouco,mais um pouco eu teria saído dali nua e ditado imperativa meu ódio disso ser somente um detalhe,quero desaparecer da minha vida inteira.


 O vapor estava na casa toda,fervia pelas portas,aquecia a cozinha e preenchia meu espaço de neblina com aromas de pele.


 Tudo o que desejamos determinar,acontece quando não temos respostas ,nem disposição para esclarecer tudo facilmente.


 Sai,sentei-me desconfortável no sofá,ela sabia que aquele olhar não tinha malicia,não havia desejo para me despir,era serio o que estava dentro de mim,era por conta propria,um total de respostas e perguntas nascendo repentinamente.


 Ela me olhou,desviou o olhar e guiou minha atenção para um embrulho dourado ao lado da porta; tinha aquela rara mania de me surpreender.


 Eu nem quis quebrar o encanto que se elevou no ar,estava morrendo;de alegria,de medo,de angustia,de ansiedade,de tantos súbitos estados de espírito.
 Disse enfim:
-Estou grávida!
O embrulhou?ela trouxe um coelhinho de pelúcia;o presente foi uma surpresa.Ambos os presentes.


*Texto que dedico a Gisele,amiga distante de participar dessa historia,mas uma amiga presente em minha vida.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Desligue a mente

Costumo acordar assustado durante a noite,tenho a impressão que existem dias que certas coisas ocupam nossa memoria,de tal maneira que parece que a realidade daqueles sonhos incoerentes,está a um palmo de se concretizar.
 Eu tenho uma mistura de insônia com preguiça incontida,então quase nunca consigo dormir quando quero,quando apago o tempo passa numa velocidade que nunca consigo despertar num momento conveniente,se espero “só mais 5 minutos”,eu sempre me atraso.
 Me adaptar ao apartamento novo esta acabando com minha rotina,quem seria capaz de economizar tanto?a ponto de sentir o calor através da parede,a geladeira do vizinho aquece minha sala...Sim,e sem contar os ruídos perniciosos e eróticos do quarto abaixo do meu,é para matar qualquer homem solteiro de raiva por não conseguir dormir ou de desejo por não entrar como “segunda voz” na brincadeira.
 Minha infância me assombra de uma maneira peculiar,consigo recordar apenas daquilo que não faz o menor sentido,como minha vó me trazendo a mamadeira,eu olhando para o lustre,imaginando estar vendo um palhaço fazendo caretas para mim naquela coisa,dessa cena já passa para outra,onde minha mãe quebra duas das peças de porcelana que serviam como componentes para deixar a luz menos visível(vai entender),ela ia me acertar com o travesseiro,numa brincadeira bastante egoísta da parte dela.
 As vezes quanto levanto no meio da madrugada consigo acompanhar espetáculos sensuais em outras salas de estar,uma noite vi uma senhora assistindo filmes “impróprios”com seu sobrinho,eles estavam cobertos e ela parecia estar tremendo ao lado dele com movimentos moderadores,porem bastante ritmados,vou ser sincero que na verdade eu só vi luzes e pessoas,silhuetas se movendo pelas paredes e alguns imagens da televisão que realmente tinha alta definição,mas para os que desconfiam da veracidade dos fatos,a imaginação se encarrega de compor o restante do cenário necessário a nossas suposições.
 Talvez eu tenha feito inconscientemente disso uma mania e meus instintos primitivos tenham criado um mecanismo intuitivo de acompanhar as tramas mais obscuras das pessoas que me cercavam,existia a possibilidade de ser plano divino eu acompanhar os seres em seus pecados,pois em exceções bastante raras eu via coisas condenadas por qualquer circulo social,mas entre quatro paredes somos senhores de todos nossos crimes,somos juízes e réus de nossas próprias sentenças,meu silencio sempre foi um privilegio que me permitiu servir de confidente para muitas daquelas sombras que sabiam na mais insana conexão,estarem sendo observadas por um estranho;dentro desse canal de historias eu pretendo expor algumas coisas que irão misturar a realidade daquilo que conheci,ouvi e vivenciei com o tempero do mistério,pela sabia eloqüência e delinqüência dessa minha arte literária sem dom ou conhecimento acadêmico.
 Agora vou beber meu café,me sentar próximo a janela e descobrir o que esta preparado para mim nessa noite,qual das cortinas desse teatro da vida e desejos humanos irá se abrir ao acaso,alcancei um lugar na platéia desconhecido por muitas pessoas,estou mesmo me entregando a certas forças que vivem latentes entre meus dedos,ao sentir minhas mãos guiadas por aquilo que consome todos os apaixonados,incendeia os corações quando os amantes se entregam como animais a suas fantasias,vou apreciar mais uma noite essas coisas que meus olhos embriagados de sono conseguem colher para transformar em verdade.
 Até a próxima noite...

Existem Segredos

Mergulhei em suas vaidades e me perdi
Entrei aos poucos nessa tempestade de lembranças
Vi as estrelas brilhando cedo
Percebi que não tinha medo de suas loucuras
Não ia muito longe sem sua ternura,aberta entre os olhos acesos
Uma ilha de aventuras que estavam escritas como literatura
Era nossa maneira de construir um futuro na mais provavel brincadeira
O sol caminhava por entre nossas avenidas
A lua refletia nua e viva correndo por entre as esquinas
Estava confusa,sentia-se observada por mil fuguras alucinadas
Mas a rua escondia portas secretas para sua casa de cristal
Dormia menina deitada entre lençois de seda,levanta tarde para caminhar com a madrugada
Seus olhos jamais dormiam,no maximo se fechavam como portas para outra dimensão
Ouvia minhas palavras confusas
E com suas mãos movia pedaços de nuvem no céu
Enfim voltava para as raizes e deixava voar os elementos
Daquele mar de emoções abria uma onda e me jogava vivo
Sorria atras de mim
Suas emoções eram essa euforia que construia minhas ilusões.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Duas Luzes Apagada

Entre os lençóis me via desperto
Me doía aquela ausência
Os moveis presentes como um universo
Engoliam minha respiração
Os delírios desciam por minha memória
E passavam como paginas soltas,lembranças presumidas
Os ruídos transparentes da rua
As telhas afagadas pelo vento,
Soava baixinho os passos mimados de um gato vizinho
Levantei a cabeça para ver as horas
Por mais tarde,sempre parecia o mesmo momento
A hora exata para meu telefone tocar com sua voz
Qualquer bobagem por misericórdia
E se movia meu corpo,fingia estar pronto para dormir
Me assombram os desenhos que brilham sobre mim
Vem do espelho a me vigiar

domingo, 15 de maio de 2011

Embriagues

Nós estávamos sendo observados pela janela
A rua parou e os vizinhos indiscretos parados atrás de suas sombras
Cada qual suspeitava de alguma idéia ridícula
Sua saia curta estava toda amassada.
A blusa molhada deixou mais intensa sua falta de censura
Ria indiscreta e embriagada pela via
Embaralhava pés e calçada
Sua pele salgada já perdia as cores sadias
E cantava como quem não sente vergonha
Mas já era tarde e incomodava quem dormia
Bailando solta não conhecia espaço nem gente
Cada gole da sua angustia diluída dentro da mente
Anestesiada não havia historia para contar
Estado passado e futuro incoerente
Os dedos frágeis e dormente
Saudava os gatos com nobre pureza
Acenava para o nada e caminhava se guiando pelas estrelas
Mas era tarde,ninguém ligava para o espaço
Ao longe os pontos de luz corriam de um lado para o outro
O vento atravessava frio seus joelhos
Reflexos humanos fugiam pelas paredes
Não queria escadas,não sabia a altura dos passos
Nada de conforto e o que era riso a noite apagou
O silencio era a banda da sua voz alegre
O vazio era o palco da sua historia presente
Havia portas em cada casa,havia tantas moradas para entender onde estar
Tempo para modelar uma lembrança
Onde te deixei?

sábado, 14 de maio de 2011

Pernas ao Alto!

Sou aquela boca insensível que você gosta de provar
Aquelas mãos violentas
Sem lógica se multiplicando na escuridão
Sou esse corpo que ferver entre suas pernas,
Quando suas palavras transpiram silenciosas


Nada além de mim consegue traduzir seus ruídos
Deitada,me pede uma dose de carinho
Um consolo,para esse seu choro sem dor
Um beijo sem medo de afogar suas esperanças
De assassinar os tolos suspiros apaixonados
Esses sintomas da noite anterior


Assine em linhas talhadas na carne
Esse gozo recortado pelas ênfases expostas
Minhas costas deformadas por seus dedos ligeiros
Marcas egoístas da porta aberta pela metade.
Fios suados tremendo sem ritmo
Nossas mãos trançadas por lençóis de algodão  

terça-feira, 10 de maio de 2011

feminismo moderno

Não tenho noção do que se passa no meu dia a dia,as vezes sinto que é complicado entender quais emoções realmente movem meu corpo e meus desejos,na verdade esses segredos vão se revelando aos poucos,mediante o exercício da nossa curiosidade,em experimentar as sensações e prazeres possíveis.
 Minha historia é comum a tantas camas,coerente com tantos outros espaços onde estive,é uma vida cheia,intensa como o ritmo daquilo que sinto entrar por minha pele,posso afirmar que não sou ninguém,pois sou uma mistura de diversas mascaras que encontrei durante minha existência,portanto não tome como minha todas essas loucuras,mas aceite que elas são desejos e fantasias contidas em nosso inconsciente coletivo,essa não é o século perfeito para os escritores e poetas mais românticos,vivemos a década da desilusão e do desgosto,das antigas depressões e novas catástrofes que nos assombram com um riso novo todas as manhãs.
 Irei te colher pelas mãos,dirigir seus sentidos em conjuntos separados de dor e tesão,caminhar segura para dentro de ondas de romance e travessura,vou entrar nua em prédios abandonados e sair de lá com o sexo úmido de jogos eróticos raramente discutidos,sou duas em um único corpo,sou mulher e meretriz,sou dama e cretina,sou a dualidade exposta em certezas diferentes.
 Isso é apenas um prefacio de minhas intenções,é a primeira linha que antecede meus orgasmos, minha pele se arrepia só de voltar as minhas lembranças,para registrar tudo isso que já vivenciei.
 Se existem limites para se amar eu nunca encontrei,nunca tive noção de quais eram realmente as barreiras que me impediam de saborear aquilo que meu corpo almejava.desde da mais banal desculpa para experimentar a textura dos seios alheios ate os piores escândalos para atrair a atenção de um homem,com a convicção que ele me calaria a boca da maneira mais preciosa possível.
 Me chame de egoísta por não ter conhecido um amor para ser eterno,me olhe como uma vadia quando passar por mim na rua,por não me vestir presa nos seus valores mesquinhos,medos conservados com naftalina no armário de seu passado(sim,o objetivo era dizer que você cheira a preconceito seu hipócrita!),tente ser discreto fingindo que não sente nenhum fascínio por meninas assim,impróprias para serem amigas de sua filha.Porem jamais deixo de abrir o apetite de suas fantasias.
 Tenho meus momentos de solidão e carência,aquela sensação que nadar contra a corrente pode ser frustrante,principalmente quando conseguimos vencer nossa vergonha e por qualquer razão o suor perde o sabor,a vibração da nossa intenção fica imperceptível,tudo passa sem gosto e já não tem a mesma graça do desafio inicial.









quinta-feira, 14 de abril de 2011

Vitrais


 Lembranças
 Que passam como sombras por nossa mente
 Somos crianças enfim
 Despertando alucinadas e contentes
 Quando desse amanhecer uma gota se parte
 E penetra no coração de nossas sementes
 O sorriso se abre
 Palavras florescem dessas duas pétalas de carne
 E sentenças se erguem
 Os verbos se espremem entre as vogais
 Sua cela organizada com estrelas coloridas
 Adornando os fios verticais de seu vaso
 Lanças de aço no túmulo que preserva suas raízes
 Sou estéril,pois não suporto mais mentir
 Sou solo seco,terra fraca sem a chuva amiga
 Gaia fria no auge de seu inferno
 Persefone no altar de seu amado Destino.