quarta-feira, 25 de maio de 2011

Desligue a mente

Costumo acordar assustado durante a noite,tenho a impressão que existem dias que certas coisas ocupam nossa memoria,de tal maneira que parece que a realidade daqueles sonhos incoerentes,está a um palmo de se concretizar.
 Eu tenho uma mistura de insônia com preguiça incontida,então quase nunca consigo dormir quando quero,quando apago o tempo passa numa velocidade que nunca consigo despertar num momento conveniente,se espero “só mais 5 minutos”,eu sempre me atraso.
 Me adaptar ao apartamento novo esta acabando com minha rotina,quem seria capaz de economizar tanto?a ponto de sentir o calor através da parede,a geladeira do vizinho aquece minha sala...Sim,e sem contar os ruídos perniciosos e eróticos do quarto abaixo do meu,é para matar qualquer homem solteiro de raiva por não conseguir dormir ou de desejo por não entrar como “segunda voz” na brincadeira.
 Minha infância me assombra de uma maneira peculiar,consigo recordar apenas daquilo que não faz o menor sentido,como minha vó me trazendo a mamadeira,eu olhando para o lustre,imaginando estar vendo um palhaço fazendo caretas para mim naquela coisa,dessa cena já passa para outra,onde minha mãe quebra duas das peças de porcelana que serviam como componentes para deixar a luz menos visível(vai entender),ela ia me acertar com o travesseiro,numa brincadeira bastante egoísta da parte dela.
 As vezes quanto levanto no meio da madrugada consigo acompanhar espetáculos sensuais em outras salas de estar,uma noite vi uma senhora assistindo filmes “impróprios”com seu sobrinho,eles estavam cobertos e ela parecia estar tremendo ao lado dele com movimentos moderadores,porem bastante ritmados,vou ser sincero que na verdade eu só vi luzes e pessoas,silhuetas se movendo pelas paredes e alguns imagens da televisão que realmente tinha alta definição,mas para os que desconfiam da veracidade dos fatos,a imaginação se encarrega de compor o restante do cenário necessário a nossas suposições.
 Talvez eu tenha feito inconscientemente disso uma mania e meus instintos primitivos tenham criado um mecanismo intuitivo de acompanhar as tramas mais obscuras das pessoas que me cercavam,existia a possibilidade de ser plano divino eu acompanhar os seres em seus pecados,pois em exceções bastante raras eu via coisas condenadas por qualquer circulo social,mas entre quatro paredes somos senhores de todos nossos crimes,somos juízes e réus de nossas próprias sentenças,meu silencio sempre foi um privilegio que me permitiu servir de confidente para muitas daquelas sombras que sabiam na mais insana conexão,estarem sendo observadas por um estranho;dentro desse canal de historias eu pretendo expor algumas coisas que irão misturar a realidade daquilo que conheci,ouvi e vivenciei com o tempero do mistério,pela sabia eloqüência e delinqüência dessa minha arte literária sem dom ou conhecimento acadêmico.
 Agora vou beber meu café,me sentar próximo a janela e descobrir o que esta preparado para mim nessa noite,qual das cortinas desse teatro da vida e desejos humanos irá se abrir ao acaso,alcancei um lugar na platéia desconhecido por muitas pessoas,estou mesmo me entregando a certas forças que vivem latentes entre meus dedos,ao sentir minhas mãos guiadas por aquilo que consome todos os apaixonados,incendeia os corações quando os amantes se entregam como animais a suas fantasias,vou apreciar mais uma noite essas coisas que meus olhos embriagados de sono conseguem colher para transformar em verdade.
 Até a próxima noite...

Existem Segredos

Mergulhei em suas vaidades e me perdi
Entrei aos poucos nessa tempestade de lembranças
Vi as estrelas brilhando cedo
Percebi que não tinha medo de suas loucuras
Não ia muito longe sem sua ternura,aberta entre os olhos acesos
Uma ilha de aventuras que estavam escritas como literatura
Era nossa maneira de construir um futuro na mais provavel brincadeira
O sol caminhava por entre nossas avenidas
A lua refletia nua e viva correndo por entre as esquinas
Estava confusa,sentia-se observada por mil fuguras alucinadas
Mas a rua escondia portas secretas para sua casa de cristal
Dormia menina deitada entre lençois de seda,levanta tarde para caminhar com a madrugada
Seus olhos jamais dormiam,no maximo se fechavam como portas para outra dimensão
Ouvia minhas palavras confusas
E com suas mãos movia pedaços de nuvem no céu
Enfim voltava para as raizes e deixava voar os elementos
Daquele mar de emoções abria uma onda e me jogava vivo
Sorria atras de mim
Suas emoções eram essa euforia que construia minhas ilusões.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Duas Luzes Apagada

Entre os lençóis me via desperto
Me doía aquela ausência
Os moveis presentes como um universo
Engoliam minha respiração
Os delírios desciam por minha memória
E passavam como paginas soltas,lembranças presumidas
Os ruídos transparentes da rua
As telhas afagadas pelo vento,
Soava baixinho os passos mimados de um gato vizinho
Levantei a cabeça para ver as horas
Por mais tarde,sempre parecia o mesmo momento
A hora exata para meu telefone tocar com sua voz
Qualquer bobagem por misericórdia
E se movia meu corpo,fingia estar pronto para dormir
Me assombram os desenhos que brilham sobre mim
Vem do espelho a me vigiar

domingo, 15 de maio de 2011

Embriagues

Nós estávamos sendo observados pela janela
A rua parou e os vizinhos indiscretos parados atrás de suas sombras
Cada qual suspeitava de alguma idéia ridícula
Sua saia curta estava toda amassada.
A blusa molhada deixou mais intensa sua falta de censura
Ria indiscreta e embriagada pela via
Embaralhava pés e calçada
Sua pele salgada já perdia as cores sadias
E cantava como quem não sente vergonha
Mas já era tarde e incomodava quem dormia
Bailando solta não conhecia espaço nem gente
Cada gole da sua angustia diluída dentro da mente
Anestesiada não havia historia para contar
Estado passado e futuro incoerente
Os dedos frágeis e dormente
Saudava os gatos com nobre pureza
Acenava para o nada e caminhava se guiando pelas estrelas
Mas era tarde,ninguém ligava para o espaço
Ao longe os pontos de luz corriam de um lado para o outro
O vento atravessava frio seus joelhos
Reflexos humanos fugiam pelas paredes
Não queria escadas,não sabia a altura dos passos
Nada de conforto e o que era riso a noite apagou
O silencio era a banda da sua voz alegre
O vazio era o palco da sua historia presente
Havia portas em cada casa,havia tantas moradas para entender onde estar
Tempo para modelar uma lembrança
Onde te deixei?

sábado, 14 de maio de 2011

Pernas ao Alto!

Sou aquela boca insensível que você gosta de provar
Aquelas mãos violentas
Sem lógica se multiplicando na escuridão
Sou esse corpo que ferver entre suas pernas,
Quando suas palavras transpiram silenciosas


Nada além de mim consegue traduzir seus ruídos
Deitada,me pede uma dose de carinho
Um consolo,para esse seu choro sem dor
Um beijo sem medo de afogar suas esperanças
De assassinar os tolos suspiros apaixonados
Esses sintomas da noite anterior


Assine em linhas talhadas na carne
Esse gozo recortado pelas ênfases expostas
Minhas costas deformadas por seus dedos ligeiros
Marcas egoístas da porta aberta pela metade.
Fios suados tremendo sem ritmo
Nossas mãos trançadas por lençóis de algodão  

terça-feira, 10 de maio de 2011

feminismo moderno

Não tenho noção do que se passa no meu dia a dia,as vezes sinto que é complicado entender quais emoções realmente movem meu corpo e meus desejos,na verdade esses segredos vão se revelando aos poucos,mediante o exercício da nossa curiosidade,em experimentar as sensações e prazeres possíveis.
 Minha historia é comum a tantas camas,coerente com tantos outros espaços onde estive,é uma vida cheia,intensa como o ritmo daquilo que sinto entrar por minha pele,posso afirmar que não sou ninguém,pois sou uma mistura de diversas mascaras que encontrei durante minha existência,portanto não tome como minha todas essas loucuras,mas aceite que elas são desejos e fantasias contidas em nosso inconsciente coletivo,essa não é o século perfeito para os escritores e poetas mais românticos,vivemos a década da desilusão e do desgosto,das antigas depressões e novas catástrofes que nos assombram com um riso novo todas as manhãs.
 Irei te colher pelas mãos,dirigir seus sentidos em conjuntos separados de dor e tesão,caminhar segura para dentro de ondas de romance e travessura,vou entrar nua em prédios abandonados e sair de lá com o sexo úmido de jogos eróticos raramente discutidos,sou duas em um único corpo,sou mulher e meretriz,sou dama e cretina,sou a dualidade exposta em certezas diferentes.
 Isso é apenas um prefacio de minhas intenções,é a primeira linha que antecede meus orgasmos, minha pele se arrepia só de voltar as minhas lembranças,para registrar tudo isso que já vivenciei.
 Se existem limites para se amar eu nunca encontrei,nunca tive noção de quais eram realmente as barreiras que me impediam de saborear aquilo que meu corpo almejava.desde da mais banal desculpa para experimentar a textura dos seios alheios ate os piores escândalos para atrair a atenção de um homem,com a convicção que ele me calaria a boca da maneira mais preciosa possível.
 Me chame de egoísta por não ter conhecido um amor para ser eterno,me olhe como uma vadia quando passar por mim na rua,por não me vestir presa nos seus valores mesquinhos,medos conservados com naftalina no armário de seu passado(sim,o objetivo era dizer que você cheira a preconceito seu hipócrita!),tente ser discreto fingindo que não sente nenhum fascínio por meninas assim,impróprias para serem amigas de sua filha.Porem jamais deixo de abrir o apetite de suas fantasias.
 Tenho meus momentos de solidão e carência,aquela sensação que nadar contra a corrente pode ser frustrante,principalmente quando conseguimos vencer nossa vergonha e por qualquer razão o suor perde o sabor,a vibração da nossa intenção fica imperceptível,tudo passa sem gosto e já não tem a mesma graça do desafio inicial.